O famoso jornal The Guardian, fez um review sobre a primeira noite de shows da residência de Mariah Carey no Caesars Palace. Confira abaixo:
Antigamente, uma residência em Las Vegas era um sinal claro de que você estaria em declínio, mas nos dias de hoje é meio vergonhoso ser uma “lenda viva”. Mesmo que as crianças (ou qualquer outra pessoa além dos fãs fervorosos) não estejam interessados em novas canções dos grandes astros dos anos 80 e 90, sempre haverá audiência para seus antigos sucessos, e a nova residência de Mariah Carey no Caesars Palace eleva isso a um novo patamar.
O show é intitulado de “Mariah #1 To Infinity”, e o conceito é que ela canta todos os seus 18 hits #1 nos EUA (mais do que qualquer outro artista) em ordem cronológica, com “Infinity”, seu novo single, concluindo o show. Isso significa que temos 14 singles dos anos 90, quatro dos anos 2000, e “Infinity”, o mais recente – o que provavelmente se adapte a audiência, um grupo eclético que varia de vinte e poucos anos à aposentados. Sem material novo no meio, apenas os hits, e os maiores deles. Não tem “All I Want For Christmas Is You” (ele só chegou ao 21º lugar nos Estados Unidos), embora isso seja ótimo, já que estamos apenas em maio.
Vegas exige um grande espetáculo, e mesmo que Carey não ande de bicicleta em uma corda bamba em algum momento durante o show, como Celine Dion aparentemente fez em sua residência, não sentimos falta com as mudanças de figurino (seis), coreografias (realizadas por outras pessoas: Mariah requer assistência para descer as escadas usando salto alto, pode esquecer a dança) ou grandes entradas – ela entra em “Honey” usando uma espécie de maiô montada em um jet ski. O grande ponto de interrogação paira sobre seus vocais. Se você gostava de suas gravações ou não, sua maestria técnica nunca esteve em dúvida, embora recentemente ela tenha sido filmada deixando de atingir suas famosas notas altas estratosféricas. Ela consegue cantar todos os seus antigos hits na frente de uma platéia ao vivo?
A resposta é…com certeza. Enquanto sua voz soava meio rouca as vezes, e sua confiança na ampliação das notas altas já não parecia inatacável (ela foi particularmente cautelosa durante a canção do Jackson Five, “I’ll Be There”), não há desastres, e quando ela atingiu seu famoso registro de apito em “Love Takes Time”, a segunda música, a tensão na plateia se dissipa. Carey (cuja voz ao falar é surpreendentemente profunda) também tem uma boa sacada ao brincar com a plateia, dirigindo-se a todos como “queridinhos” e dizendo que o público ainda não tinha nascido quando seus primeiros sucessos foram escritos. “Nem eu mesma tinha nascido quando eu as escrevi – foi tudo fruto de um milagre”, acrescenta ela.
Ouvindo Carey cantar seus hits #1 é um lembrete que os anos 90 não foram só Oasis e Nirvana, apesar do que os jornalistas de música nos querem fazer crer. Ao que tudo indica, as baladas melosas podem não agradar os românticos, com todos esses melismas que transformam uma única sílaba em cinco. Mas, assim como o show parece que vai entrar em uma espécie de sonolândia, com sua banda (todos tocando instrumentos pintadas de branco), ela atinge o ponto alto do show com seus hits da metade dos anos 90, quando começou a colaborar com rappers e produtores como Puff Daddy em “Honey”, “Fantasy” e a triunfante “Always Be My Baby”. Seus vídeos clássicos passam no telão ao fundo do palco, o tipo de extravagância que ninguém pode se dar ao luxo de fazer agora. É uma agradável visão de uma época passada.
Mariah voltou com “We Belong Together” apresentada como “a canção que salvou a minha vida”. Em “Touch My Body” um homem da platéia é convidado para subir em uma cama gigante, com os olhos vendados enquanto Mariah gira uma pena em sua direção. No entanto, enquanto “Infinity” parece improvável para leva-la de volta à vanguarda do Pop – ou algo parecido – ela parece à vontade com o seu passado, e orgulhosa do efeito que suas canções tiveram em um grande número de pessoas. “Eu estou fazendo o meu melhor para ser uma diva”, ela declara. Mas, assim como o público, ela está se divertindo muito.