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O que torna o som de Adele, Aretha e Mariah tão fascinante? Tracey Thorn pode explicar o ‘dom poderoso de saber cantar’.

Em 1992, Jim Cartwright protagonizou a peça The Rise and Fall of Little Voice, o personagem principal recebeu este apelido devido sua timidez. Quando a Little Voice canta, ela assume a identidade de Edith Piaf, Judy Garland e Shirley Bassey, cantoras com grandes vozes.

Esta transformação dentro dela, é o que exatamente que as grandes cantoras fazem para nós ouvintes. Essas cantoras podem ir mais fundo e mais alto do que qualquer outra pessoa, atingir notas muito agudas e mantê-las mais tempo do que qualquer uma – o que pode surpreender o as atletas olímpicos.

Adele, que está prestes a começar a começar sua primeira turnê desde 2011, atualmente ela fez belts cantando baladas como ninguém, mas em um estilo exigente, sem adornos, provando que o pensamento e discrição pode ser uma parte inteligente de quem faz sucesso por saber cantar.

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Técnica de cantar de Mariah Carey inspirou toda uma geração de participantes de shows de calouros.

Enquanto isto, Mariah Carey, tem um tipo de “grande voz” distinta das outras, ela que em breve retornará cantando ao vivo ao Reino Unido com uma turnê, após 13 anos. É muito mais do que o volume da voz, ela é famosa por ter um registro único de cinco oitavas, ela atinge com facilidade o “registro de apito”, que é algo maior que um falsete.

Isto às vezes pode parecer mais como andar de bicicleta do que música, mas não há como negar o quão influente é a técnica vocal de Mariah, seus trinados, ornamentações, e seus melismas – usando para notas longas somente para cantar em uma única sílaba – definiu o modelo de cantar todas as cantoras populares se surgiram após ela, e isto tornou-se o  ” mordo normal e essencial” que a maioria dos participantes do The X-Factor e o The Voice seguirem.

Mas por que é que amamos tanto estas cantoras com grandes vozes? Na verdade, por que nós gostamos tanto destas cantoras? Por que nos dedicamos tanto o nosso tempo vendo as pessoas competindo no horário nobre em shows de calouros ? Por que vemos com louvor a entrevistas do artistas que amamos?

Eu tenho uma teoria que é porque eles podem fazer tudo, mas melhor que a gente. Como ouvintes, nós compartilhamos o mesmo equipamento musical que as cantoras. Todos nós temos vozes, provavelmente somos até capazes de cantar, mesmo que seja só “Feliz Aniversário”. Chegamos perto de ser capaz de fazer o que os cantores também fazem, então nos vemos refletidos neles.

E estes cantores com grandes vozes? Eles são nós, porém maiores e melhores, e talvez até fisicamente. Como  Maria Callas, que uma vez foi descrita como uma cantora de igreja gótica. Ironicamente, é claro, essa coisa que compartilhamos com os cantores é o que o que torna eles tão vulneráveis a introvertidas ansiedades, e eles são um grupo neurótico (e estou autorizado a dizer isto, pois sou um deles).

Cada cantor é como um banda de skiffle, tentando fazer sonoridade com algo inusitado, tentando formar um instrumento do lado de fora para ver o que acontece, e aguardando o momento em que ele vai falhar. Porque,  ele vai falhar em algum momento.

Cada vez que um cantor pega um resfriado, ou tem uma alergia, ou apenas tem que lidar com aquele catarro que aparece diariamente (sinto muito, mas você não pode falar sobre canto sem falar do catarro), a voz está comprometida, e quando você adiciona efeitos cansativos no canto, como fazer show noite após noite em turnê, não é de estranhar que os cantores se preocupem com a perda da voz.

Um baterista ainda pode fazer um show se o clima estiver muito frio, mas o cantor precisa cancelar se isto acontecer. Então, eles ficam neuróticos com a saúde de suas vozes, e eu sou suspeito para falar daqueles que têm grande reputação, especialmente se as sua voz aparentemente são sobre-humanas, o que tornam eles ainda mais preocupados com fracasso.

Nós todos amamos as várias histórias de celebridade e suas demandas não tradicionais nos bastidores. Mariah Carey por exemplo, tem fama de ter uma reputação de diva difícil. Entre suas demandas que são consideradas exageradas, existem histórias que ela não comece certas cores de M&Ms, além dela pedir salas  inteiras decoradas com flores, velas, tapetes, luminárias e com temperatura controlada ( de acordo com os rumores, Mariah gosta da temperatura em 23° graus, já Beyoncé prefere o ar climático em 25° graus).

O perigo real para maiores dos cantores pops é que eles são inexperientes, ao contrário dos cantores clássicos que aprendem a respirar, e assim evitam correr risco com o talento que eles têm. Whitney Houston morreu em fevereiro de 2012, para mim ela soou sublime e sem fazer esforço algum quando a ouvi cantar Saving All My Love for You pela primeira vez.

Assim como eu, muitos ouvintes ficaram maravilhados com aquela precisão que ela tinha em seu canto, e a aparente facilidade. O crítico Simon Frith descreveu ela “uma vocalista acrobática como um trapezista”, algo que transmite o poder da grande cantora.

Mas parece que todos nós fomos pegos pelos anos que sua voz já estava acabada, que não ficou assim somente por causa do consume de cigarro e drogas. Era pela própria maneira que ela cantava. Eu vi vários especialistas vocais falarem que seu canto tinha uma certa ausência de técnica, o que me surpreendeu.

Esforçando-se para atingir todas aquelas notas altas, ela conseguiu atingir aquela grande potência, cantando com a laringe elevada, com a tensão no pescoço e no rosto. O fato é de que você pode vê-la fazendo vibrato e balançando sua mandíbula, mostrando que estava fazendo da forma errada, e apontando que o esforço excessivo está fazendo mal para ela mesma.

É preocupante, pois Adele já teve experimentou ter problemas vocais – um pólipo e uma hemorragia, e ela teve que fazer uma cirurgia em 2011. Ela disse que o tratamento fez com ela ficasse com um som mais suave, que ela perdeu um pouco da aspereza, mas ganhou algumas notas extras e agora cuida melhor de sua voz.

Talvez ela vai ficar bem, mas ter problemas não inevitável. A prova para que a longevidade vocal é possível é a Aretha Franklin. Ela é dona de uma grande voz, em todos os sentidos, muito influente e inspiradora. Recentemente, aos 73 anos, ela cantou em um evento para homenagear Carole King, e as filmangens que mostraram o desempenho desta mulher cantando “A Natural Woman” parou a internet.

Ela entra no palco carregando uma bolsa de lantejoulas, vestindo um casaco de vison, e reproduz os acordes do piano de igreja em poucos segundos, levando Carole King e Barack Obama às lágrimas.

Quando ela começa a cantar, você pode sentir o poder surpreendente de sua voz, e mais do que isto, o controle que ela tem com este poder, e compreensão que ela tem com o uso e o volume da variação tonal.

E assim, ela rouba a cena sozinha, e o público levanta e é ovaciona o seu canto. Naquele momento, você vê o que uma grande voz cantando de forma adequada pode fazer, o efeito transcendente e unificador que tem sobre nós, e como somos gratos a isto, e o quanto precisamos dela.

Mas vamos ser honesto, nem todo mundo pode ser como Aretha. Cantar desta forma tornou-se padrão para música pop em shows de talentos, que são dominados por cantores que fazem belts, e acho aqui que este recurso  corresponde mais com o perigo da transcendência.

Há algo emocionante sobre quem quer cantar uma grande canção sem poder, é como alguém que escolhe a maior prancha para ir ao mar, mesmo sem ao menor saber nadar.

Somos uma multidão em um  circo, que temos a possibilidade de ter um desastre, como um nosso punho escancarado em nossa boca, perguntando se tudo pode dar errado, e esperando que isto vai acontecer, e isto mostra o monstro que nós somos. E apesar disto tudo, às vezes eu adoraria ter uma voz monstruosa, que poderia cantar aquelas faixas difíceis da Sia, como Chandelier, que poderia ser descrito como algo “muito sangrento”, como disse uma vez Richard Burton para Elizabeth Taylor.

Eu costumava tentar cantar como Patti Smith e Siouxsie Sioux, até perceber que na verdade eu sou cantor limitado, uma espécie de cantor que canta no ouvido de um cantor, com alcance muito pequeno, e não tenho muito volume na voz. No entanto, o meu canto é amado e prefirido por aqueles gritam e são movidos a vibrato. Os ouvintes podem suspeitar que estão enganados pelo o meu estilo podre de cantar, sem passar emoções. E ainda assim, eu penso que gostaria de trocar a minha voz, mesmo sabendo que estou caindo em uma armadilha de imaginar que algum cantor tem o mesmo gosto de um ouvinte comum.

No afinal das contas, eu adoraria cantar como Dusty Springfield, e ela citada sempre como: “Uma voz  inconfundível”, porém, particularmente eu não gosto de ouvir isto. Eu acho que isto é um pensamento muito doloroso, uma tristeza compartilhada por vários cantores. Eu disse que somos um bando de neuróticos,  e e então, eu nunca serei uma Adele, mas vou continuar assistindo e a ouvindo cantar, e com meus dedos cruzados que a sua voz continue linda ao passar dos anos e que sobreviva as rigorosas turnês.

E, Deus me livre que a sua voz vá embora em algum momento. Eu espero que ela se torne algo como uma grande estrela de TV. Assistindo ela no Graham Norton, e depois no quadro Carpool do James Corden, eu acho que ela tem um humor auto- depreciativo, e que sua gargalhada é tão sincera quanto o seu canto, e então pensei: “Se algum dia, em um futuro triste ela não possa mais cantar, eu felizmente pagaria para ouvi-la rir.”

Fonte: The Telegraph Culture

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