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Mariah’s World, frame por frame e minuto por minuto, é exatamente o que você poderia esperar de um reality show do E! sobre a Mariah Carey.

O primeiro episódio, que estreia domingo (4) no EUA, é o que o personagem Stefon, do Saturday Night Live, diria, quase sem fôlego, ser a versão Mariah Carey de tudo o que existe: ela fala sobre sua origem humilde e sua superação na vida enquanto passeia num iate de luxo. Há também uma aparição da inimiga maior de Mariah, o seu alter-ego Bianca Storm – que não passa de uma Mariah de cabelão preto e liso. Sem contar as imagens lindas dos gêmeos da cantora, Morrocan e Monroe (mais conhecidos como Roc e Roe). Tem a empresária puxa saco e durona, Stella,  que está sempre preocupada em manter os níveis de estresse de Mariah no chão. Tem os depoimentos de Mariah falando diretamente para a câmera em lounges de sua casa, sentada com um corset e muitas, muitas, muitas filmagens do decote dela. Se existisse uma categoria do Emmy chamada de Melhor Compromisso para Expor Decotes, honestamente, nenhum programa merece esse prêmio mais que o Mariah’s World.

Esse pseudo-documentário anseia mostrar os bastidores da turnê de Mariah pela Europa, além de seguir os desdobramentos de seu noivado com o magnata australiano James Packer (eles já não estão mais juntos). Mas na verdade, é apenas uma versão estendida e publicitária da marca de Mariah. É bem real mas claramente calculado – é o programa que só vale a pena se você for um fã hardcore, desde o tempo de Vision of Love ou se você ficou do lado dela após o divórcio com Nick Cannon. Mesmo que um reality show seja um prazer condenável que causa uma ilusão de espontaneidade e seja adequado ao comportamento de diva da Mariah, o novo programa do E! é só mais ou menos satisfatório, parcialmente porque mesmo quando tudo parece natural, ficamos com a impressão de que tudo foi minimamente pensado.

“Eu nunca quis fazer esse documentário e ser seguidas pelas câmeras”, conta Mariah num momento clássico de virada de olhos. Depois ela aparece deslizando numa cadeira de escritório porque não pode sofrer o incômodo de andar em saltos extremamente altos. Mariah sabe que os espectadores vão achar que ela tem um valor alto de manutenção, levemente narcisista, e então ela os ataca na jugular ao concordar e debochar de tudo isso na frente de todo mundo. É como se ela mesma antecipasse comentários de haters no Twitter.

Na verdade, se a Mariah fizesse essas coisas estranhas durante todo o primeiro episódio, que o E! disponibilizou com antecedência, eu estaria mais inclinada a recomendar o Mariah’s World. O maior pecado da estreia é o mesmo de todos os outros realitys com celebridades que já existiram. O famoso é o objeto que age como alguém glorificado, lindamente bem fotografado no centro da arte de fazer TV. Problemas que são relativamente menores são elevados a status de crise. Possíveis dramas, como os flertes com o seu dançarino e alguns desentendimentos sobre as coreografias, ganham destaque de forma orquestrada. Quando Stella, a empresária, contrata uma jovem chamada Molly para ser assistente pessoal da Mariah durante a turnê, Stella conta para a novata que ela não pode ter namorados durante o primeiro ano de trabalho e nem chorar em seu escritório. Então, no seu primeiro dia de trabalho, quando Molly não consegue conectar a Apple TV no quarto de Mariah – que aparentemente não consegue dormir sem a Apple TV – ela imediatamente chora. E você pensa: é óbvio que isso está acontecendo. A pessoa mais disposta a ter um colapso na menor provocação é o que deixa tudo melhor na TV.

Mas com tanta TV para assistir hoje em dia, com certeza você pode achar algo melhor pra ver. O mundo é grande, meus amigos, e há muito mais a explorar do que a Mariah na sua tentativa de imitar o Keeping up with the Kardashians.

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