“Caution”, 15º disco de Mariah Carey, repara os erros do álbum anterior, “Me. I Am Mariah… The Elusive Chanteuse” (2014). Os títulos dizem bastante: antes pomposa e elusiva, ela volta simples e direta. Mariah desce do trono sem perder a majestade.
Seu disco lançado na sexta-feira (15) tem:
- Dez faixas em 38 minutos, sem enrolação, com pop e r&b divertidos, vide “A No No”. Essa tem sample esperto do remix de “Crush On You”, de Lil’ Kim, Lil’ Cease e The Notorious B.I.G.
- Flertes com o rap, especialmente na melhor faixa do álbum, “The distance”, com participação de Ty Dolla $ign e produção de Skrillex.
- A voz dela não está no auge, mas já é bem melhor do que no disco anterior. Há uma eficácia sutil. A única balada do tipo “piano e vozeirão” é “Portrait”, a última faixa.
Além de Skrillex, outros produtores ajudam a tornar o som mais atual. Um deles é Nineteen85, parça de Drake em hits como “One Dance” e “Hotline Bling, que produz para ela “GTFO”. Não é das melhores do disco, mas pelo menos tem uma letra atrevida que ajuda a dar o tom direto de “Caution”.
O inglês Blood Orange, queridinho do pop alternativo, ajuda a compor e produzir a ótima “Giving me life”. Ele mistura seus sintetizadores ao vocal de Mariah, que passeia mais pelos graves que por malabarismos agudos. Tudo suave.
A modernização não é forçada. Aliás, parece que os produtores fazem mais esforço para se encaixarem no trabalho de Mariah do que o contrário. DJ Mustard desacelera seu rap festivo na minimalista “With you”. O batidão de Timbaland vira um balanço leve em “8th grade”.
No fim das contas, os shows cancelados no Brasil no fim de 2016podem compensar: se for para ela trocar a ausência na turnê daquele disco pela presença nesta fase recuperada, por mim tudo bem.