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The Emancipation Of Mimi

Em recente entrevista para Billboard, Johnta Austin, produtor e músico, falou como foi sua a experiência em trabalhar com a Mariah Carey no aclamado e lendário álbum ‘The Emancipation Of Mimi’.

“Eu estava trabalhando em outras coisas com Jermaine na época e ele me disse que me queria para a sessão do álbum de Mariah. Ela veio no estúdio e estava falando com todo mundo. Ela se vira para mim e diz: “Ei, eu sou Mariah, quem é você?” [Risos] Eu me apresento e ela pergunta: “Suponho que você seja parte do que estamos prestes a fazer?” Eu disse que seria todo dela! Então nos tornamos amigos rapidamente depois disso. Eu tinha um pouco de vinho no estúdio – um pinot grigio – que era um bom quebra-gelo. Ela me perguntou: “Posso ter um pouco disso?” Foi muito Mariah! Chegamos perto depois de alguns goles!

Eu acho que “Get Your Number” foi a primeira música que fizemos, e depois disso foi “Shake It Off”. “It’s Like That” foi a terceira. “It’s Like That” foi uma música divertida para gravar porque estávamos apenas sendo bobos. Estávamos sendo apenas sendo engraçados com trechos como ” “These chickens is ash and I’m lotion”. Mas Mariah disse: “Não,  nós iremos manter isso na música “. Ela e eu podemos entrar em nossas zonas onde Jermaine teria que nos parar, porque vamos colocar qualquer coisa em uma música! Jermaine falou: “Gente, eu não entendo essa linha de raciocínio”. Mas todos acabaram amando!

Depois disso, Mariah saiu e [o ex-diretor da Island Records] L.A. Reid veio para ouvi-los. Na época, ele estava pensando em fazer “Shake It Off” o primeiro single. Mas ele disse: “Vou mandar Mariah de volta para o estúdio porque eu sinto que vocês têm mais uma música para compor juntos”. E foi aí que inventamos “We Belong Together”. Jermaine e Mariah juntaram as cabeças para pegar aquele gancho, então eu entrei para fazer os versos com Mariah. Eu me lembro de L.A. me dizendo: “Mariah estava tão animada com essa música que ela me ligou quando voltou para Nova York. Ela só queria fazer sua demonstração disso. Essa é a música!” Ela ficou somente por trás de outro singledela em termos de sucesso, “One Sweet Day” (como a segunda música de maior permanencia em 1° lugar nas paradas da Billboard) – nós perdemos o recorde do Hot 100 por uma semana. Mas o desempenho  ainda era espetacular. E vocês [na Billboard] baitzaram a música  como a mais popular da década, então eu vou levar isso para sempre na minha vida! Jermaine e eu estávamos falando sobre isso alguns dias atrás. Restam apenas seis meses nesta década, então ainda seremos o número um – a menos que outra música seja anunciada.

Nós sabíamos que estávamos fazendo algo especial com este álbum. Toda a pressão para fazê-lo estava saindo do Glitter de 2001. Lembro-me de que minha gravadora na época achava que eu era louca por passar tanto tempo com Mariah, porque tive outra oportunidade de trabalhar com um grande artista. Eles perguntaram: “Você tem certeza de que quer trabalhar com Mariah?” Eu disse a ele: “Estou aqui no estúdio. Sinto a energia e sei o que está sendo feito aqui”. Com “We Belong Together”, acho que ninguém poderia prever esse tipo de sucesso. Mas sabíamos que estávamos fazendo uma ótima música para a MC. Minha mãe costumava colocar para tocar “Vision of Love” de seu primeiro álbum sem parar, então foi um momento especial para eu estar no estúdio com alguém que eu estava ouvindo desde que eu tinha 12 anos. Eu tive a chance de criar o que ainda é considerado um dos melhores trabalhos dela.

Fonte: Billboard

Texto extraído da biografia “Sing To Me” de L.A. Reid:

Um dos primeiros convites que recebi no meu primeiro dia na Island Def Jam foi de Mariah Carey. Nós já éramos amigos, nos conhecemos há uns anos, quanto Tony Rich fazia o show de abertura de seus shows na Europa. Ela se aproximou de mim nos bastidores e perguntou: “Quanto você teve que pagar pelo TLC?”. Eu tentei contratá-la quando ela estava na Arista, mas o Rolf Schmidt-Holtz disse que ela estavam pedindo muito dinheiro para alguém que já estava com a carreira acabada.Ela acabou assinando com Doug Morris da Universal Music Group, do selo Island Def Jam.

“Estou tão feliz que você está aqui”, disse ela. “Eu sempre quis trabalhar com você.”

“Você também é uma das minhas artistas favoritas, e eu acho você uma das cantoras mais talentosas de todos os tempos”, eu disse: “Eu também sempre quis  trabalhar com você.”

E então ela interrompeu a conversa fiada e foi logo direto aos negócios. Ela disse que tinha escrito algumas canções e ela gostaria de me mostrar as versões demos. Nós rapidamente definimos uma reunião no apartamento dela.

O fato dela ter me chamado foi apenas o inicio de um desafio que eu precisava fazer na Def Jam, que não poderia ter sido feito em um melhor momento. Eu precisava fazer a limpa na casa e trazer novos funcionários, o que tinha sido um bom começo, mas eu ainda precisava encontrar um acerto entre as minhas contratações. Eu não tinha ideia do que ela tinha nas fitas que ela estava trabalhando, mas eu sabia que precisava provar a mim mesmo, a fim de me sentir seguro na Def Jam. Pois eu estava trabalhando com uma das artistas de maior sucesso de todos os tempos, então isto já parecia ser um bom começo.

Mariah morava em uma enorme cobertura em Tribeca, que tinha aquele encanto da antiga Hollywood – arte luminárias na decoração, um belo piano que tinha pertencido a Marilyn Monroe quando ela era criança. E então fomos para o Moroccan Room, onde Mariah gosta de ouvir música, e ela me mostrou algumas demos que ela trabalhando em seu novo disco.

Ela estava saindo de uma situação bem difícil em sua carreira. Muita gente achava que ela estava completamente acabada. Ela tinha feito o filme Glitter, nem o filme e nem a trilha sonora foram aclamados pela crítica ou um sucesso comercial. Seu próximo álbum, Charmbracelet, que supostamente era para ter sido o seu retorno, não foi tão bem recebido assim. Ela estava tentando se recuperar. Ela havia se divorciado de Tommy Mottola, o homem que era a cabeça da Sony Music, que se  presumia ser o responsável pelo sucesso dela. Uma nuvem pairava sobre a carreira de Mariah.

Muitos anos antes disto, Babyface e eu encontramos com Tommy Mottola em seu escritório,quando ele ainda era chefe da Sony Music. Ele mostrou algumas belas fotos da nova artista que ele tinha descoberto, o nome dela era Mariah Carey, e perguntou para nós se tínhamos interesse em produzir algo para ela. Eu olhei para as fotos e vi esta menina era completamente impressionante. Ele tocou uma música dela para nós que mostrava o seu incrível alcance vocal, e a minha primeira impressão é que ela soava parecida com Whitney Houston, exceto pelas aquelas bem altas e agudas, que era algo que a Whitney não fazia. Eu sei, sem sombra de dúvida, que esta menina se tornaria uma grande estrela – Eu sabia disso – mas nesta época, eu estava indo para reunião com Tommy para encontrar uma casa para o meu selo, o LaFace, a gravadora que tinha com Babyface, e nós resolvemos em não produzir pessoas que não estavam em nosso selo.

A primeira vez que eu realmente me conectei com Mariah em estúdio foi quando o Babyface produziu o dueto entre Mariah e Whitney Houston para trilha do filme “O Príncipe do Egito”, nós já não estávamos mais trabalhando juntos, mas Babyface me convidou para sair. Clive estava lá, com o chefe do estúdio de cinema DreamWorks, o Jeffrey Kratzenberg. Quando Mariah saiu do camarim entre as tomadas, eu fui até ela. Ela estava me mostrando as fotos que ela usaria na capa de sua primeira  coletânea de sucesso, e me perguntou qual eu gostava. “Eu gosto desta que mostra a suas pernas, essas pernas valem milhões de dólares”. Ela riu e achou que eu estava flertando um pouco, mas soube naquele instante que um dia iria trabalhar com esta senhorita.

Então, quando comecei a trabalhar com Mariah, eu descobri que ela é inteligente,comprometida, mente aberta e doce. Ela estava determinada, e não desesperada,para ter sucesso. Enquanto isto, eu não tinha noção de que sua confiança foi abalada algumas vezes, eu sabia que ela precisava de reforço, a validação e opinião de quem ela respeitava. Quanto mais eu andava com ela, eu entendia que ela precisava de mim e do papel que eu tinha que exercer. Eu tinha que ver o que se passava ao redor dela – para dar meu ouvido e falar com a minha alma – e se concentrar na música. A música fez dela uma estrela, e isto estava retornando para ela.

Quando ela começou a tocar as demos para mim, uma nuvem veio na minha frente, eu a vi no futuro e o com um disco de sucesso, Deus estava no quarto. A primeira demo que ela tocou para mim foi “Stay The Night”, uma música que ela escreveu com Kanye West, e eu gostei muito. Ela tocou mais duas ou três músicas que ainda não estavam finalizadas. A música de Mariah era semelhante a música que eu estavafazendo na minha mente. Eu escutei as suas demos e fiquei fascinado.

“Você está no caminho certo, apenas continue” – eu disse.

Eu deixei por isto mesmo, embora eu tenha perguntado se ela poderia me dar uma cópia dos demos para eu ouvir sozinho. Ela confiava em mim o suficiente para fazer isto, e eu levei as cópias comigo. Ela fez mais demos e enviou para mim. Quanto mais ouvia, mas eu entendi como este álbum precisava ser. Mariah tem muitos superpoderes, mas ela é mais conhecida pelo seu alcance vocal de cinco oitavas, o que eu gosto de chamar de registro de apito. Ninguém mais poder fazer isto com poder e clareza como ela faz. Por todo o talento, eu sempre pensei que Mariah produzida em excesso no passado. Eu queria fazer tirar toda esta produção em excesso dela, e deixá-la ser a cantora incrível que ela é. Mariah estava sendo agenciada por Benny Medina, quem eu conhecia desde os tempos que ele era da Warner Brothers. Ele era o cara que tirou o relógio e disse que eu e o Babyface tínhamos dez minutos para finalizar as músicas dele. Mais tarde, ele causou um momento ruim quando colocou eu, Babyface e Pebbles para fora de uma de uma conferência de vendas da Warner Brothers em 1988, depois dele convidar a minha namorada, que na época era uma artista da MCA Records. Anos depois, apesar de tudo, ficamos bons amigos. Benny é um poderoso empresário, um conhecido por ser altamente artístico e criativo, mas também por sua mente astuta para os negócios. Benny é uma personalidade, ele cresceu vivendo com a sua colega Kerry Gordy, filho de Berry Gordy da Motown, na mansão da família em Bel-Air, que se tornou como base para criação da série de TV de 1990, The Fresh Prince of Bel-
Air, estrelado pelo jovem Will Smith. O processo é sempre divertido com Benny. Nós três passamos muito tempo juntos, ouvindo toda hora as canções e gravações e trabalhando no álbum.

E então, ela fez uma música com o Kanye West, duas canções com o Pharrell. Ela fez canções com Jimmy Jam e Terry, James (“Big Jim”) Wright e escreveu canções sozinhas. Todas as canções eram sólidas. As faixas influenciadas pela música Gospel eram o pontos altos O álbum estava muito bom, muito inspirado.

Quando terminamos o álbum, Mariah me chamou e me disse que tinha um título para o álbum, The Emancipation Of Mimi. “Mimi” é seu apelido na vida privada, em um círculo interno de amigos, e a ideia dela era levar esta identidade ao público, foi uma mensagem clara de que ela queria permitir que seus fãs tivessem mais perto de sua vida privada. Eu disse para ela que o título não era somente brilhante, mas que parecia o nome de um álbum de enorme sucesso. Então, foi quando o Benny surgiu com o slogan da campanha: “O retorno da voz”.

Alugamos uma suíte no Mandarin Oriental para fazer uma festa de reprodução do álbum para nós trés, e então com a vista para o Central Park olhando as luzes deNova York. Nós colocamos para fora uma generosa oferta de champanhe e caviar efomos ouvir o álbum e brindamos, porém algo estava me incomodando. Eu não queria dizer o que tinha para dizer, mas fui em frente e disse com nossos copos
equilibrados para fazer o brinde.

“Gente, nós não terminamos ainda”, eu disse.

Eles colocaram seus copos para baixo e olharam para mim incrédulos.

“Sério, está muito perto, mas tem alguma coisa faltando, e eu preciso pensar sobre isto” – eu disse.

No fim, não temos o brinde, mas bebemos o champanhe e comemos o caviar de qualquer maneira. Mariah estava desapontada, o que era compreensível. Eu tinha encorajado ela durante o processo do álbum, e quando ela achava que tinha terminado, eu decidi que estava faltando algo.

Eu não ouvi um grande single, uma música arrebatadora. Ouvi hits, mas não ouvi uma certa coisa. Eu tive que pensar cuidadosamente sobre contestar como o álbum estava sendo feito. Esta era Mariah Carey, a menina que teve mais hits do qualquer outra pessoa que eu conhecia, quinze canções em primeiro lugar, quase todos escritos por ela. Imagine o quão duro é você dizer para alguém que já escreveu muitos hits que ela ainda não fez nenhum outro hit neste novo álbum? Na melhor das hipóteses, isto é uma conversa muito difícil, e você tem que tomar cuidado como se expressa. O que você em um momento importante e tão delicado podem acabar com qualquer relacionamento, porque é este momento que o artista pode te jogar para fora da sala e mandar você se foder. E eu pensei muito sobre isto, e finalmente apenas saiu pela minha boca.

“Eu não acho que temos um grande sucesso. Não temos aquele sucesso arrebatador ainda. E acho que estamos perto, pois já temos o conceito. Acho que temos o corpo de trabalho e acho que ele é genial. Eu acho que a apresentação é incrível, que o vocal é maravilhoso, mas eu ainda não temos um grande hit.”

Eu senti isto era o adequado para Mariah naquele momento. Eu sabia que estava certo, mas ela era uma artista que eu respeito – não, que eu amo – e o meu juízo criativo me permitiu que eu desse a minha opinião em quem me deu plena confiança. Era uma coisa arriscada de fazer. Fazer uma música não é como produzir uma garrafa de refrigerante, onde o produto já é um sucesso comprovado e as únicas questões são a de distribuição, marketing e vendas. A música precisa de magia, mas a magia não é um dom que podemos dar. Isto não é garantido. Muitas vezes, eu envio o artistas de volta para o estúdio, e na maior parte das vezes, isto não funcionou.

Mas eu senti a confiança de Mariah e eu precisava sentir confiança, porque eu estava muito certo. Eu não tinha dúvidas sobre o que eu estava dizendo. Ela me deu a confiança que eu precisava, e, foi neste momento, isto nos deu um vínculo duradouro.

No dia seguinte, liguei para Jermaine Dupri. Ele havia escrito com Mariah a minha canção favorita dela, “Always Be My Baby”, em um de seus álbuns anteriores.

“Eu preciso de você neste álbum,” disse para ele.

Jermaine já estava pronto. Ele só queria saber que tipo de música eu queria. “Eu quero uma balada, mas uma balada com uma batida” disse para ele. Liguei para Mariah e disse-lhe a mesma coisa. Ela estava disposta, mas não excessivamente entusiasmada. Eu estava testando a sua confiança em mim, eu poderia entender a sua relutância. Ela pensou que já tinha acabado o trabalho, e eu tinha a sensação de ela faria este trabalho extra só porque eu tinha pedido. Eu fretei um jatinho particular e enviei ela para Atlanta com Jermaine no dia seguinte. Este exercício quase sempre falha se os artistas não estão comprometidos com ela, se eles pensam que eu estou apenas fazendo saltar através de aros, mas Mariah sabia que eu tinha uma visão. Jermaine e eu tivemos muitos sucessos em parceira, que foi as coisas que fizemos com o Usher, TLC, e outras coisas,e e não havia uma relação existente entre todos nós. Eu estava operando em uma combinação de instinto e fé.

Dois dias depois, Mariah me chamou. “Nós temos uma coisa para pra você, darling. Estou indo para sua casa para tocar ela para você.”

E ela apareceu com uma versão áspera de uma canção chamada “We Belong Together”. Tudo começou com um som de piano. Quando a trouxe a canção, eu amei o que estava ouvindo. Ela trabalhou seu caminho através do verso e eu me preparei para o refrão, esperando para ver se a música era realmente o que eu estava esperando. E então ela chegou até o refrão e foi magnífico. Ouro puro! Esta porra da música é que eu estava procurando no disco.

“Tem certeza disto?”, disse ela. “Porque se for preciso que eu volte Atlanta novamente, eu vou”, e eu achei que ela estava brincando comigo, mas eu vigorosamente assegurei ela que este era o sucesso que eu queria e que precisava.

“Ok, eu vou em frente e terminá-la”, disse ela. “Mas enquanto eu estava lá, nós fizemos outra música.”

A segunda música foi “Shake If Off”, uma outra faixa brilhante para o álbum, mas ela não fez somente ela, havia também uma terceira faixa, “It’s Like That”, uma música agitada e divertida. Isto era muito mais do que eu precisava. Eles fizeram um bom trabalho e se divertiram. Eles não poderiam ter feito algo mais perfeito. Eu sou homem que sabe fazer hits.

Mas desde que mudei de setor e de produtor me tornei executivo, eu trabalhei duro para modelar a relação com cada artista, para aprender empurrar cada um deles para ter um grande hit, mantendo o sentido claro de o que cada artista precisava para chegar lá. Orientar um artista como ele fazer isto não é fácil, Mas o meu tempo com Mariah personificou este delicado equilíbrio perfeitamente. Ao longo do
processo, Mariah, Benny, e eu tínhamos colaborado de uma forma verdadeiramente única, e o resultado final trouxe todas essas peças no lugar perfeitamente. Eu tinha incentivado ela, e fui honesto com ela sobre tudo, mas foi ela que fez o álbum sozinha. Ela quis fazer um álbum de sucesso. Isto era tanto a sua determinação como seu talento. Eu estava lá para apoiar a visão da Mariah.

E então eu fui para o Right Track Studios em Nova York para ouvir as mixagens. Enquanto eu caminhava, Mariah estava dando uns retoques finais nos vocais de fundo. Eu podia ouvir o que ela fazendo enquanto estava sentado no salão. Ela estava cantando perfeitamente, ela não estava simplesmente fazendo aquela ginástica vocal, mas sim organizando todo o álbum para que ele ficasse perfeito. Eu mal podia acreditar o que estava ouvindo.Quando ela terminou, eu fui para o estúdio ouvir “We Belong Together” finalizada pela primeira vez. Foi um evento transcendente para mim, quase que uma experiencia fora do meu corpo. A música me deixou extasiado como era um som rico, algo lindo que tomou conta de mim. Eu sabia naquele momento que ele era uma das maiores gravações que eu já tinha me envolvido.

Eu rejeitei a primeira sessão de fotos que fizeram para o álbum. “Eu preciso que você esteja parecendo cara”, eu falei para ela. E então fizemos um segundo ensaio fotográfico com um outro profissional e tivemos a capa. Estava tudo se encaixando. Então, lançamos “It’s Like That” como um single de teste em janeiro de 2005, fizemos gravações para o BET e MTV. Trabalhamos a imprensa. E então Mariah lançou um vídeo brilhante para “We Belong Together“, que foi dirigido por Brett Ratner. Nós lançamos o single em março de 2005, e foi direto para o número 1 e ficou lá por notáveis 14 semanas. Esta canção foi que trouxe a Mariah devolta, mas também foi o disco de sucesso que eu precisava para me estabelecer na Island Def Jam. Como foi visto, isto foi somente o começo.

O jornal The Stranger fez uma matéria equiparando as baladas clássicas de Mariah Carey, que falam sobre fim de relacionamentos, com o clássico do mestre do suspense, Alfred Hitchcock, “Um Corpo Que Cai”. Confira abaixo:

Mesmo em meio a uma conjuto de obra incrível, o filme “Um Corpo Que Cai”, de Alfred Hitchcock, lançado em 1958, destaca-se pela pura tragédia de sua história. Um detetive particular começa um caso obsessivo com a mulher que ele foi contratado para investigar. Ela comete suicídio. Durante semanas ele definha em uma névoa cinza da depressão, até que ele conhece alguém que poderia ser sua sósia. O que se segue é uma das sequências mais deprimentes em todo o cinema, como o detetive (interpretado com intensidade por Jimmy Stewart) com crescente desespero para refazer essa nova mulher (Kim Novak, com sedução desconcertante e confusa) em a imagem de seu amor morto.

Enquanto o amor não correspondido tem motivado uma vasta gama de filmes, livros e canções, “Um Corpo Que Cai” ilustra o tormento angustiante de amor correspondido e isolado. Por mais difícil que é querer o que você não pode ter, há algo ainda mais existencialmente frustrado em perceber que você tinha a coisa e depois a perdeu. A tentativa infrutífera para recapturá-la pode envenenar as relações sucessivas, deixando uma sombra no futuro. Na linguagem das drogas, isso é chamado de “perseguir o dragão”. Em termos musicais, isso pode ser chamado apenas de “dar uma de Mariah”.

Mariah Carey, a cantora de Pop e R&B que é abençoada com uma voz de cinco oitavas, visual de estrela de cinema, e empresária astuta, parece ser a última pessoa que você associaria com a famosa “fossa”. Mas, em seu melhor trabalho, Carey calcula com precisão o tipo de solidão adulta: os sentimentos persistentes de coisas de muito tempo atrás, para nunca mais voltar a passar por isso. Este ano foi o 20º aniversário da “Fantasy”, que tem samples de “Genius of Love”, do Tom Tom Club. Enquanto o som é bem animado, as letras retratam um amor que beira a obsessão: “Images of rapture, creep into me slowly as you’re going to my head, and my heart beats faster when you take me over, time and time and time again. But it’s just a sweet, sweet fantasy, baby”.

Aqueles não são os pensamentos de uma pessoa equilibrada. Eles foram a introdução do ciclo interminável de Carey de idolatria e queda. Ela pode soar como algo bem Pop, apaixonado, mas você também pode ouvi-la tomando as fixações românticas que permeiam abaixo da superfície de canções de clássicas de amor. Suas canções de término de relacionamentos doem da mesma maneira. Assim como o detetive particular de Jimmy Stewart em “Um Corpo Que Cai” exerce a sua obsessão com a obstinada persistência mesmo quando ele percebe a insalubridade das suas profundezas, Mariah Carey continua cantando para tudo o que vale a pena, nunca sendo capaz de conciliar totalmente a memória do que foi com a realidade do que é, e do que não é.

A dobradinha mais devastadora na discografia de Carey é composta pelos mega hits “We Belong Together” e “Don’t Forget About Us” de seu álbum de 2005, The Emancipation of Mimi. Em “We Belong Together”, Carey vem mais uma vez no estilo R&B, mas também é abjeta: “The pain reflected in this song, it ain’t even half of what I’m feeling inside”“When you left, I lost a part of me”. O refrão é uma exortação nua:  “Come back, baby, please”.

Ela vai ainda mais longe em “Don’t Forget About Us”, em que a notícia de que seu ex está “em um novo relacionamento” leva-a a revelar o que pode ser uma visão um pouco delirante: “You’ll always be in my heart, and I can see it in your eyes, you still want it, so don’t forget about us”. (Não é difícil ver como essas letras podem representar um problema e uma nova pressão para esses homens sem nome, se eles são ou não corretos).

Claro, essas músicas fluiram a partir de “Always Be My Baby”, lançada em meados dos anos 1990, que, apesar de seu título sentimental, é a mais atraente de todas as baladas de Carey. Vindo de Daydream (do mesmo álbum que deu origem a “Fantasy”), “Always Be My Baby” é o primeiro e mais potente hino de Carey, uma ode resignada ao amor eterno que mescla com o reconhecimento de que isso nunca mais voltar, com uma pitada de ameaça. “You’ll always be a part of me” (consegue ver uma tendência?). “I’m part of you indefinitely. Boy, don’t you know you can’t escape me. Darling, ‘cause you’ll always be my baby”.

Em “Um Corpo Que Cai”, a vontade de Kim Novak é progressivamente quebrada pela loucura do desejo de Jimmy Stewart. Ela percebe que Stewart está lentamente transformando-a na imagem de seu amor falecido. Quando ele compra-lhe o vestido verde igual o que sua amada costumava usar, ela finalmente se impõe, implorando-lhe: “Se eu deixar você me mudar, isso vai acontecer? Se eu fizer o que você me diz, você vai me amar?” E eis que o detetive responde, assustadoramente, “Sim, sim”.

A convicção de que ninguém nunca vai se comparar é o que condena o protagonista destas canções de Carey, da mesma forma que condena Stewart. A fome tudo consome, porque eles parecem com o que eles estão ansiando, e não importa o quão desesperadamente tentam, eles sabem que nunca vão prová-lo novamente.

“We both know nothing comes close to what we had, it perseveres”, canta Carey em “Don’t Forget About Us”, implorando que seu amante volte: “We can’t let the fire pass us by, forever we’d both regret”. Antes de a música terminar, ela tentou de tudo, desde o casual (“Just let it die, with no good-byes, details don’t matter, we both paid the price”), experiente (“I’m just speaking from experience, nothing can compare to your first true love”), desonesta (“And if she’s got your head all messed up now, that’s the trickery”), imponente (“I bet she can’t do like me, she’ll never be MC”). Mas, das muitas abordagens que ela toma, a verdadeira voz da canção é uma das súplicas implacáveis: “Don’t, baby, don’t, baby, don’t let it go. No, baby, no, baby, no, baby, no. Don’t, baby, don’t, baby, don’t let it go”.

Assim como o desejo insano e a paixão destruiram o protagonista de “Um Corpo Que Cai” (e o objeto de seu desejo), a mulher nas canções de término de ralacionamentos de Mariah Carey está bloqueada, uma missão impossível e perpétua para recapturar o passado. Esse é o problema com a obsessão: Para quem está obcecado, isso parece com o amor. E como o amor que Carey fala nas canções, quando é real, é para sempre.

O novo álbum de Adele, 25, tornou-se o #11 álbum a vender mais de 5 milhões nos Estados Unidos, confira a lista dos poucos álbuns que conseguiram este feito, Mariah está na lista:

Adele, 21 – 11.3 milhões (2001)
Nickelback, All the Right Reasons  – 7.91 milhões (2005)
Carrie Underwood, Some Hearts –   7.45 milhões (2005)
Taylor Swift,  Fearless – 7 milhões (2005)
Mariah Carey, The Emancipation of Mimi – 6.08 milhões (2005)
Josh Groban, Noel  – 5.82 milhões (2007)
Taylor Swift, Taylor Swift –  5.56 milhões (2006)
Taylor Swift, 1989 –  5.5 milhões  (2014)
Daughtry,Daughtry – 5.04 milhões (2006)
50 Centm The Massacre 5.36 milhões (2005)
Adele, 25 – 5 milhões (2015)

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